sexta-feira, fevereiro 20, 2004

A veia gestora de David Brent é reconhecida internacionalmente
Britânico nomeado director-geral da Sonae

O gestor britânico David Brent foi contratado pela Sonae para o cargo de director-geral. O grupo de Belmiro de Azevedo espera assim beneficiar dos métodos revolucionários do antigo regional manager da série "The Office", que o tornaram internacionalmente famoso.

Na sua apresentação oficial, o inglês fez questão de entrar em grande, tocando uma guitarra e cantando o tema "Colorblind", da extinta banda de que foi líder em tempos, os Foregone Conclusion. Depois disso, em vez de ler um discurso, Brent quebrou o protocolo e ensaiou alguns passos de break-dance.

"Estamos muito contentes com esta aquisição de peso", afirmou Belmiro. "David Brent tem muito a ensinar aos corpos gestores da nossa empresa e não só. Esperamos todos aprender muito com ele, e contagiar-nos um pouco com a sua boa disposição", acrescentou, realçando o célebre sentido de humor de Brent.

O Psicotapa conseguiu uma entrevista exclusiva com David Brent, da qual publicamos aqui uma versão aumentada:

Psicotapa: Quais os argumentos que a Sonae utilizou para o fazer aceitar o convite?
David Brent: Disseram-me que se não aceitasse, matavam a minha mãe [risos]. Estou só a brincar [risos]. A minha mãe já morreu há uns anos. Grande perda pessoal [pausa]. Disseram-me que se não aceitasse, matavam o meu cão. Não, lá estou eu outra vez [risos]. Nem sequer tenho cão. O meu papagaio. Oh, não [risos].

P: Belmiro não utilizou nenhum argumento de peso para o convencer?
DB: Na verdade, não. Quer dizer, ofereceu-me uma pipa de massa [risos]. Não, o dinheiro não é assim tão importante na vida. Não para mim. Há coisas mais aliciantes [pausa]. Portugal, bom tempo, sol a brilhar, pessoas excitantes, mulheres lindas, a possibilidade de encarar um novo desafio, trazendo o meu know-how em gestão continuada e ver como resulta adaptá-lo a um país ipsis quorum diferente...

P: Por falar em know-how, o seu background resume-se à área do comércio e distribuição de papel. Não acha que há pouca relação com o que a Sonae espera agora de si?
DB: Posso ser sincero?

P: Por favor...
DB: Não, não acho. Veja bem, isto não tem a ver com o que se produz, mas como. Não interessa o resultado, mas o processo. Gerir um supermercado ou a redacção de um jornal é absolutamente a mesma coisa. Eu sou um profissional, que vem para vencer. O meu papel é liderar uma equipa que esteja comigo nisto, como uma grande família. Se dermos à Sonae cem ou mil milhões de euros de lucro, não é isso que faz a diferença.

P: Não? O que é então?
DB: Criar um ambiente de felicidade entre os soldados rasos. Eu sou o general, o líder. Tenho um bando de crianças esfomeadas debaixo da minha alçada. Qual a vantagem de as ter a combater desmotivadas? Nenhuma. Se elas vão morrer à fome, pelo menos que seja com orgulho, a desfrutar o combate. Se morrerem baleadas, bem, isso acontece. É a vida.

P: Que novidades pretende implementar nas empresas do grupo?
DB: Várias.

P: Por exemplo?
DB: Por exemplo [pausa], há três coisas que quero implementar [pausa]: competitividade e transparência [pausa]

P: E a terceira?
DB: A terceiraaa... [pausa]. Relações interpessoais optimizadas.

P: Competitividade, transparência e relações interpessoais optimizadas!? Não pode ser um pouco mais específico? Isso parecem conceitos tão abstractos...
DB: Para si. Não para mim. A capacidade de conceptualização é fundamental quid pro vadis para uma boa liderança. Conceptualizar é pensar a empresa. Se não houver quem o faça, as pessoas andam perdidas e não conseguem exprimir o seu talento. Andam frustradas, é um desperdício. Seria como um homem com oito braços a tentar coçar os testículos. Está a ver? Aquelas mãos todas a atrapalharem-se. É preciso um cérebro – eu – para pôr os braços – os funcionários – a coçarem os tomates de forma ordenada. Sem redundâncias. Senão, o homem – a empresa – ainda se magoava. Imagine só...

sábado, fevereiro 14, 2004

Maya e Cristina Candeias podem passar para as tardes da televisão por cabo
Analistas políticos e financeiros processam astrólogos por concorrência desleal

A Apanismo (Associação Portuguesa dos Analistas Políticos e Financeiros e Outras Profissões Bem Remuneradas Ligadas ao Ocultismo) moveu um processo judicial contra os astrólogos portugueses, por concorrência desleal. O presidente da associação, Luís Delgado, denuncia que "pessoas como a Maya ou a Cristina Candeias não têm qualquer curso superior que lhes permita enganar as pessoas com alguma certeza".

"Não é justo que nos mandem sistematicamente para o cabo, quando dão a certas pessoas, que nem sequer têm um curso superior, tempo de antena nos programas da manhã das estações nacionais", afirmou Delgado em conferência de imprensa.

"E para quê?", continuou, "para ouvirmos dizer que este ano o Beto vai para o Real Madrid? Se formos por aí, então eu também disse que há armas de destruição maciça no Iraque, o que não quer dizer que algum de nós esteja certo", exemplificou, previsivelmente irritado.

O analista financeiro António Peres Metello, também presente na conferência de imprensa, disfarçado de Gollum, lembrou que a metodologia de trabalho dos astrólogos e dos analistas é "substancialmente diferente". "E há uma explicação óbvia para isso", esclareceu Metello: "Se nós não tivéssemos que andar de estúdio em estúdio, também teríamos muito tempo para reflectir sobre os assuntos!"

Questionado pelos jornalistas sobre se conhece outra profissão em que é possível errar todos os dias sem que se seja despedido, Metello disse que não responderia a perguntas sobre o organismo que atribui subsídios ao cinema português.

Outras das figuras da análise política portuguesa, Nuno Rogeiro, considerou que "a análise política é muito mais do que mandar duas ou três patetices para o ar e esperar que se tornem realidade; muitas vezes - e isto é algo que se calhar as pessoas não sabem - não chegam duas ou três patetices".

quinta-feira, fevereiro 05, 2004

Apanhado com as Quercus na mão
Governo defende incineração da roupa interior

O secretário de Estado do Ambiente, Eduardo Martins, avançou com uma proposta para que a futura incineradora do Centro sirva para queimar cuecas e sutiãs. O governante respondeu assim à afirmação da Quercus de que a queima dos lixos é mais cara que o reaproveitamento.

"Nunca disse que o que íamos incinerar ali era lixo", afirma o secretário de Estado. A Quercus revelou ter tido acesso ao um estudo dos Analfabetos Anónimos que conclui ser mais barato o tratamento biológico mecânico do lixo do que a sua incineração. Confrontado com estes dados, Martins acusou a Quercus de estar a desenvolver uma "estratégia de desinformação" e garante que a incineração da lingerie é a solução adequada para que as mulheres nifómanas parem de arriar as cuequinhas para qualquer um.

As afirmações de Eduardo Martins geraram mau ambiente dentro do Governo, com Figueiredo Lopes, Ministro da Roupa Interior, a acusar o secretário de Estado de ingerência na sua pasta. "O que é que ele diria se eu viesse propor a instituição do fio-dental obrigatório para as lontras da Ria Formosa? Não ia gostar, com certeza", considera o titular da pasta de dentes.

A assembleia geral da Empresa de Resíduos Sólidos e Urina na Cueca (ERSUC) está reunida em Coimbra para discutir a localização da futura incineradora e comer chanfana com arroz. Espera-se que nos próximos dias emitam um comunicado a pedir autorização ao Tribunal da Boa Hora para coincinerar Carlos Cruz e o palhaço Batatinha.